segunda-feira, 18 de julho de 2016

Povo Cigano - E a eterna luta contra o preconceito.

Povo Cigano - E a eterna luta contra o preconceito.
Hoje recebi um texto de um Calon, comentando do preconceito da mídia e das pessoas desinformadas acerca da etnia cigana. Nisto me lembrei de diversas conversas com a comunidade, sempre relatando isto. No Brasil e no mundo. Há inclusive a data de 27 de janeiro, onde é lembrada as exterminações de mais de 500 mil ciganos pela Alemanha nazista, durante o Holocausto, na Alemanha Nazista.
Mulheres, idosos, homens e crianças foram torturados, perseguidos e mortos, apenas por serem ciganos. Os livros lembram apenas os judeus, que também sofreram demais, mas normalmente omitem sobre a população cigana. Haviam campos de concentração, em que os ciganos sabiam que estavam para perecer, mas, contam alguns históriadores, que os ciganos cantavam e dançavam, para distrair suas crianças e morrer de acordo com sua maneira de viver, sempre alegres, cantando e celebrando.
O tratamento desumano, as terríveis experiências médicas, as câmaras de gás e os crematórios, e outros tantos horrores cometidos pelos alemães nestes campos de concentração, supomos suficientemente conhecidos por todos. Estima-se que 500 mil de ciganos foram assassinados pelos nazistas. Os números exatos nunca serão conhecidos, mas todos os documentos provam que os judeus não foram as únicas vítimas da perseguição racista pelos nazistas. A única diferença é que o holocausto judeu, e com justa razão, até hoje sempre costuma ser relembrado e não faltam memoriais para lembrar isto, inclusive em Auschwitz. O holocausto cigano, no entanto, costuma ser varrido debaixo do tapete, costuma ser simplesmente ignorado ou esquecido, como algo de menor importância, ou pior ainda como algo que nunca aconteceu, e praticamente não existem monumentos que lembram o holocausto cigano.
A II Guerra Mundial terminou há pouco mais de meio século. Centenas de milhares de judeus receberam indenizações do governo alemão, e o povo judeu recebeu uma Pátria nova (Israel 1948). Os ciganos nunca foram indenizados e nunca receberam nada, sob a alegação de que foram perseguidos e exterminados não por motivos “raciais”, mas por serem associais e criminosos comuns; outros tiveram seus pedidos de indenização negados porque não conseguiram apresentar os testemunhos necessários.
O famoso Tribunal de Nuremberg, instituído pelos ‘aliados’ logo após a II Guerra Mundial para condenar europeus que cometeram crimes contra a Humanidade, concentrou suas atividades em crimes contra judeus, mas não há registro de criminosos de guerra condenados por crimes cometidos contra ciganos. Inúmeros judeus – e com toda a razão – tiveram oportunidade para apresentar seus depoimentos e suas denúncias, mas nenhum cigano foi convocado ou aceito para depor ou para denunciar.
Ainda hoje o holocausto cigano é pouco conhecido do grande público. Também em documentários e em comemorações das vítimas do holocausto nazista, ou em monumentos construídos em sua homenagem, sempre são lembrados apenas os judeus, e nunca os ciganos. Pelo contrário, mesmo depois da guerra os ciganos continuaram sendo discriminados da mesma forma, ou talvez até pior do que antes. Atualmente, no entanto, em livros e revistas que tratam do holocausto, está se tornando ‘politicamente correto’ falar não apenas dos judeus, mas também dos ciganos, enquanto também o número de livros e artigos que tratam do assunto está aumentando sempre mais.
Mesmo depois da guerra, os ciganos continuaram sendo discriminados da mesma forma, ou talvez até pior do que antes. Principalmente nos círculos policiais, todas as antigas ideologias e imagens anti-ciganas continuaram existindo, pelo que nada mudou também nas atitudes anti-ciganas, excluindo-se apenas o genocídio. Os ciganos continuaram pessoas indesejadas e odiadas em toda a Alemanha. Até vários dos assim chamados ‘ciganólogos’ alemães continuaram publicando ensaios nitidamente anti-ciganos.
Daí porque a imprensa não se cansa de noticiar incêndios de residências ciganas e outras violências contra ciganos e contra outras minorias étnicas em vários outros países europeus, cometidas por neo-nazistas, skinheads e outros grupos ultra-direitistas, ou a repatriação forçada, pelo Governo, de milhares de ciganos para seus países de origem. Na Europa de hoje, apesar das belas recomendações pró-ciganas da União Européia, a vida dos ciganos ainda é muito difícil, e os tradicionais preconceitos e as centenares discriminações continuam existindo, fortes como antes.
Infelizmente, a Europa e o mundo todo,ainda tem enorme preconceito com a população cigana e mesmo alguns países não matando diretamente os mesmos, o fazem de variadas formas, seja com repressão e violência policial, seja os renegando à miséria e total abandono do Estado. Seja fazendo com que bairros inteiros sejam demolidos (Turquia), ou com alguns sendo expulsos de países (como fez a França). Outros proíbem os ciganos de circular livremente nas cidades (Itália). Além destes, há muitos casos de preconceito extremo e casos de violência policial, de grupos extremistas ou da própria população. Incluindo o próprio Brasil, onde há diversos relatos e ocorrências contra o povo cigano.
É chegada a hora das pessoas, dos governos, das entidades não governamentais, das intituições religiosas e de Direitos Humanos, passarem a olhar com mais atenção o povo cigano. Entender seus costumes, suas necessidades de moradia, de saúde, de educação e entender que a grande beleza do mundo está nas diferenças culturais que fazem deste planeta um lugar tão cheio de possibilidades de conhecimento e vivências.
Que possamos, ciganos e não ciganos, sempre lembrar que acima da nacionalidade, cor da pele ou costumes, somos todos irmãos e filhos do mesmo Deus.
(Rodrigo Lutfi Coimbra) - Fonte: site: Descontruindo o Nazismo

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